Roberto Muniz, CNI: 'O predomínio das rodovias no Brasil está associado à baixa eficiência logística do sistema de transporte'

12 dos 14 indicadores de infraestrutura têm alta no primeiro semestre do ano; levantamento da CNI mostra que o maior crescimento ocorreu no tráfego de caminhões em rodovias federais.

Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI. (Foto: Divulgação)

O tráfego de caminhões em rodovias federais pedagiadas cresceu 10,82% no primeiro semestre de 2024 na comparação com o mesmo período do ano passado. Esse foi o item que registrou a maior alta entre os 14 indicadores de infraestrutura monitorados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o levantamento, 12 dos 14 indicadores cresceram no período, com destaque também para o aumento do consumo de energia elétrica de classes não industriais (8,95%) e industriais (4,11%); para o transporte de cargas aéreas (7,29%), uso da internet fixa (6,23%) e circulação de veículos leves em estradas federais pedagiadas (5,87%).

A alta expressiva do tráfego de veículos pesados tem relação direta com o crescimento da venda de caminhões novos no período (10,2%), reflexo do aumento do transporte de cargas nas estradas brasileiras. Atualmente, 62% das cargas no país são levadas por caminhões. Para efeito de comparação, 19% das cargas são transportadas de trem; 14% por navios; e apenas 0,1% por aviões. Se excluídos os transportes de minérios e combustíveis, as estradas responderiam por 85% da matriz de transporte no Brasil.

A participação das rodovias no transporte de cargas no Brasil é muito maior que em outros países de grande dimensão territorial e econômica. Na Rússia, as estradas representam 8% do transporte de cargas. Nos Estados Unidos, 32%; No Canadá, 43%; Na China, 50%; e na Austrália, 53%.

“O predomínio das rodovias no Brasil está associado à baixa eficiência logística do sistema de transporte. O percurso eficiente de uma viagem por caminhão se dá em curtas e médias distâncias. No Brasil, no entanto, existem situações em que a carga embarca em São Paulo com destino à Belém ou de Porto Alegre para Teresina”, pontua o Diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz.

Consumo de energia em alta

O aumento do consumo de energia elétrica também teve destaque no primeiro semestre do ano. Na avaliação da CNI, o indicador revela o aquecimento da economia brasileira – crescimento do PIB no primeiro e segundo trimestre de 2024, em relação ao mesmo período do ano anterior, em 2,5% e 3,3%, respectivamente.

As únicas quedas estão relacionadas ao consumo de petróleo (-12,57%) e de derivados (-0,15%). De certo modo, esses resultados são parcialmente explicados pela elevação do número de veículos elétricos e híbridos no país, bem como pela maior competitividade do etanol em relação à gasolina no período.