Esgotamento de recursos e reservas está entre os riscos para o setor de mineração e metais

Estudo mostra que piora das condições macroeconômicas no mundo tem tornado difícil o levantamento de capital para mineradoras. (Foto: Freepik)

Os três principais riscos ou oportunidades nos próximos 12 meses para o setor de mineração e metais no Brasil são acesso a capital, com 34% das respostas dos executivos entrevistados por estudo da EY, esgotamento de recursos e reservas (25%) e aumento dos custos e produtividade (também com 25%). Na sequência, aparecem “licença para operar” e “geopolítica e cadeia de suprimentos”, com 22% da preferência. Por fim, com 18% das respostas, vêm os tópicos “mudanças climáticas” e “meio ambiente”.

Essas percepções foram reunidas no estudo global “10 principais riscos e oportunidades para empresas de mineração e metais em 2025”, produzido pela EY, que entrevistou executivos do setor de mineração e metais atuantes em organizações com mais de US$ 1 bilhão de receita. A amostra é formada por 35% de presidentes, vice-presidentes ou diretoria; 17% de conselheiros ou profissionais do nível C-Level; e 48% de líderes de departamentos, unidades de negócios ou grupo de commodities.

Na avaliação do estudo, a piora das condições macroeconômicas, não apenas no Brasil como no mundo, tem tornado mais difícil o levantamento de capital para financiar as atividades das mineradoras, apesar da crescente necessidade de minerais essenciais para a transição energética. “Para suprir a demanda por esses minerais críticos, vamos precisar minerar mais do que nos últimos 70 mil anos. Há necessidade o quanto antes de novos projetos, que, como característica em comum, são de longo prazo na mineração, demandando tempo para que possam efetivamente aumentar a capacidade produtiva”, analisa Nathalia Gomide, gerente de Mineração e Metais da EY Brasil.

Nesse cenário atual, as empresas estão separando ativos não essenciais das suas operações, movimento que, na avaliação da pesquisa, deve acelerar à medida que buscam formas de equilibrar seus portfólios para direcionar o capital de investimento para os projetos com maior potencial para os próximos anos, como os de minerais críticos.

“A demanda crescente por minerais de transição energética, motivada pelo esforço de descarbonização dos países, é um desafio para as empresas de mineração, já que a oferta não acompanha o ritmo aquecido da demanda”, diz Afonso Sartorio, líder de Energia e Recursos Naturais da EY. Ainda segundo o executivo, os projetos de mineração têm ciclos longos de amadurecimento e enfrentam hoje um cenário de redução dos teores de minério extraído das minas ativas. “Isso significa que o processo de retirada de minério da terra se torna mais caro a cada nova tonelada porque há necessidade de buscá-lo mais fundo, o que aumenta substancialmente o investimento em sua extração”, completa.

Investimento em pesquisa e desenvolvimento

Com o acesso a capital mais difícil, as mineradoras precisam investir em produtividade para fazer mais com seus recursos, com destaque para a força de trabalho, que tem se mostrado escassa, especialmente a mais qualificada para essa atividade de extrair o minério em camadas mais profundas. “Nesse contexto, é imprescindível investir no desenvolvimento de processos de engenharia que tornem os projetos mais eficientes e assertivos. Também por esse motivo, conforme demonstra o estudo, os modelos de negócios das empresas de mineração estão sendo desafiados”, analisa Sartorio.

Como forma de tornar as empresas de mineração mais preparadas para esse cenário, o investimento em inovação tem crescido, ainda segundo o estudo da EY. Mais de sete a cada dez respondentes (72%) dizem que a expectativa é que suas empresas gastem mais com pesquisa e desenvolvimento nos próximos 12 meses em comparação com o último ano. Já 57% têm essa mesma expectativa em relação à inovação.

Por ser uma tecnologia muito relacionada à inovação, o que pode colaborar para o ganho de produtividade nos projetos, a IA também deve receber mais dinheiro das empresas de mineração, já que 53% dos executivos dizem que esperam que suas companhias gastem mais com essas iniciativas. “A IA tem papel importante para mitigar os riscos da atividade de mineração e aumentar sua produtividade. Há várias aplicações já disponíveis associadas aos equipamentos e ao monitoramento dos ambientes”, finaliza Sartorio.