Open Investment permite compartilhar investimentos entre instituições financeiras

Os clientes já podem compartilhar seus dados de investimento entre diferentes instituições financeiras.

austin-distel-EMPZ7yRZoGw-unsplash (1)Open Investment é a ampliação do escopo do Open Finance. (Foto: Unsplash)

Os clientes já podem compartilhar seus dados de investimento entre diferentes instituições financeiras. É o chamado Open Investment, que vem como a ampliação do escopo do Open Finance ou sistema financeiro aberto, cuja implementação teve início em fevereiro de 2021. Até então, os tomadores de crédito apareciam como os principais beneficiados pela iniciativa, já que, com a adesão ao Open Finance, puderam receber ofertas mais atrativas, como juros menores e prazos maiores de pagamento, nos empréstimos e financiamentos.

Desde o dia 29 de setembro, um novo público está sendo contemplado: o de investidores. “É possível levar as informações de investimento para qualquer uma das instituições financeiras participantes. Utilizando apenas um aplicativo, que pode ser de banco ou corretora, o cliente visualiza e movimenta todos os seus investimentos, ainda que estejam distribuídos em várias instituições financeiras”, explica Chen Wei Chi, sócio-líder de Transformação de Negócios e Inovação para Serviços Financeiros e Open Finance da EY Brasil.

Assim como já ocorre atualmente com o Open Finance, para que o cliente possa aderir ao Open Investment, ele precisa dar seu consentimento expresso nos canais online das instituições financeiras participantes, como Internet Banking.

Mesmo que já tenha consentido em relação ao Open Finance, o cliente deve dar novo consentimento para o Open Investment. Isso significa que os bancos e demais participantes precisam novamente convencer o usuário sobre os benefícios de adesão. Esse trabalho, na realidade, deve ser constante. Isso porque o consentimento para qualquer dos Opens, o Finance ou o Investment, tem prazo determinado de 12 meses, precisando ser renovado pelo próprio cliente, que, por meio dessa aceitação, permite que seus dados financeiros sejam compartilhados pelas instituições cadastradas.

“A lógica disso é que os dados pertencem aos clientes, e não às instituições financeiras. Essas informações têm valor e podem ser usadas pelas pessoas para obter benefícios como investimentos mais atrativos, com melhor rentabilidade, no caso do Open Investment”, diz Chen. Ainda segundo o especialista, as instituições financeiras participantes conhecerão melhor o histórico do cliente, seu perfil de investimento, incluindo sua alocação nos títulos de renda fixa e/ou variável, além do dinheiro disponível em conta. “Isso dá uma visão completa da vida financeira do cliente, ficando mais fácil compreendê-la, sem ter que fazer todas aquelas perguntas realizadas pelos especialistas em investimento, como gerentes de banco. Com essas informações, as instituições podem oferecer investimentos personalizados para cada perfil, mesmo que nunca tenham tido relacionamento com o cliente”, afirma Chen.

Há, ainda, a possibilidade de uma instituição financeira saber quando vencerá o investimento do cliente, o que permite a ela fazer uma proposta de realocação mais vantajosa para convencê-lo a trocar de banco ou corretora. Além disso, a dinâmica de cobrança de tarifas, que hoje ainda é muito padronizada entre as instituições, pode sofrer alteração, com uma personalização que tende a favorecer o investidor com a queda do valor pago por determinados serviços.

“O que deve acontecer também é que, ao reunir os investimentos do cliente disponíveis em várias instituições financeiras, o Open Investment fornecerá visão completa de como estão sendo distribuídos os riscos dessas carteiras. As pessoas têm o comportamento de serem mais conservadoras em um banco e arrojadas no outro. O resultado dessa junção dos investimentos para os bancos e corretoras é maior entendimento do cliente para que possam fazer ofertas ou indicações mais assertivas e atreladas às necessidades de cada investidor”, observa Chen.

Inclusão financeira

O conceito de inclusão financeira vai muito além da bancarização, ou seja, de ter uma conta em banco. Isso porque é preciso utilizar produtos e serviços financeiros, como crédito e investimentos, para que o cidadão seja considerado incluído financeiramente, de acordo com o entendimento de organismos internacionais como o Banco Mundial.

O Banco Central define a inclusão financeira como um estado em que todos os adultos têm acesso efetivo aos seguintes serviços financeiros providos por instituições formais: crédito, poupança, pagamentos, seguros, previdência e investimentos. Ou seja, a bancarização faz parte da inclusão, que somente se confirma com o uso amplo dos produtos e serviços financeiros.

“O Open Investment contribui para a inclusão financeira na medida em que traz a cultura do investimento, mesmo que seja o microinvestimento, para clientes que ainda não investem. Isso se dá porque os bancos e corretoras inscritos na iniciativa passarão a dar sugestões de investimento mais assertivas com base nos dados financeiros compartilhados pelo cliente”, finaliza Chen.

Investimento no Open Finance

Já foram investidos R$ 124 milhões na produção e no desenvolvimento do Open Finance no Brasil. Esse volume de investimento, realizado entre o segundo semestre de 2020 e dezembro de 2022, está disponível no relatório do ano passado da Estrutura Inicial do Open Finance. O investimento de mais de 70% desses recursos ocorreu em infraestrutura tecnológica, o que inclui desenvolvimento e manutenção das plataformas e dos sistemas necessários.