Green Deal será um dos grandes desafios para o agronegócio brasileiro a partir de 2025

Os impactos da agenda ESG nas empresas foi o tema principal da segunda edição do Seminário Pacto Global da ONU – Rede Brasil, promovido pelo LIDE Paraná.

Captura de tela 2024-06-14 121210Os impactos da agenda ESG nas empresas foi o tema principal da segunda edição do Seminário Pacto Global da ONU – Rede Brasil, promovido pelo LIDE Paraná. (Foto: Rubens Nemitz Jr)

O Pacto Ecológico Europeu, também conhecido como Green Deal, trará impactos significativos para o agronegócio brasileiro, especialmente a partir de dezembro deste ano, quando novas regras mais rigorosas de práticas sustentáveis e bem-estar animal entrarão em vigor. O conjunto de medidas ambiciosas da União Europeia tem o objetivo de alcançar a neutralidade climática até 2050, por meio de ações para a redução das emissões de carbono, preservação da biodiversidade, promoção de uma economia circular e a garantia de que produtos importados estejam em conformidade com elevados padrões ambientais.

"O setor empresarial na agenda ESG" foi o tema principal do Seminário Pacto Global da ONU – Rede Brasil, realizado em Curitiba pelo LIDE Paraná, nos dias 10 e 11 de junho. Durante o evento, especialistas aprofundaram o debate sobre os impactos do Pacto nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção, com foco na Lei Antidesmatamento Europeia (EUDR).

A especialista Luiza de Araújo Furiatti, membro da comissão do Pacto Global e da Comissão de Direito Ambiental, abordou o assunto no seminário. Ela explicou que, sob as novas regulamentações, será necessário comprovar que os produtos exportados para a União Europeia não são oriundos de locais de desmatamento. Furiatti destacou que o Paraná possui uma vantagem competitiva significativa, pois tem áreas consolidadas há muito tempo, com baixos índices de desmatamento.

No entanto, Furiatti ressaltou que o grande desafio para a implementação de ações efetivas de mitigação contra o desmatamento, redução na emissão de gás carbônico e produção de energia limpa no Brasil é a falta de dados oficiais. “Olhando para o Brasil, nós não temos um inventário nacional, não temos um número exato sobre qual a contribuição do agronegócio brasileiro para o desmatamento”, explicou.

“Embora os desafios impostos pelo Pacto Ecológico Europeu sejam significativos, eles também representam uma oportunidade única para o Brasil se destacar como um líder global na produção de alimentos sustentáveis. Através de uma colaboração estratégica entre o setor público e privado, é possível investir mais em práticas agrícolas e pecuárias sustentáveis, fortalecer a rastreabilidade dos produtos e garantir o bem-estar animal, posicionando o país como um fornecedor confiável de produtos de alta qualidade para um mercado cada vez mais exigente em termos de sustentabilidade", destaca a presidente do LIDE Paraná, Heloisa Garrett, responsável pela mobilização da agenda no Paraná.

O G de governança

A responsabilidade corporativa se consolida como um diferencial competitivo crucial para as empresas. O evento contou também com a presença de especialistas e representantes de empresas líderes em seus setores, como a Itaipu Binacional, que discutiram ações voltadas para práticas éticas e transparentes.

Alexandre Mugnaini, chefe da Assessoria de Compliance da Itaipu Binacional, compartilhou os desafios e as soluções para a integração do compliance na cultura da empresa. A Itaipu, como líder mundial em geração de energia limpa e renovável, busca constantemente aprimorar seus mecanismos de controle e prevenção de condutas não íntegras.

Mugnaini enfatizou a importância de fomentar uma cultura de ética e integridade na empresa. “A comunicação não deve ser vista apenas como uma forma de transmitir informações, mas sim como uma ferramenta estratégica para o sucesso do programa de compliance. A maneira de divulgar e usar as palavras adequadas faz toda a diferença. Principalmente, porque precisamos falar tanto para brasileiros quanto para paraguaios, com culturas diferentes”, conclui.

Também participou do evento Chantal Castro, gerente Anticorrupção do Pacto Global da ONU. A executiva falou sobre o “Movimento Transparência 100%”, o primeiro e maior programa de fomento à transparência corporativa do país. “A corrupção é algo inerente ao ser humano e talvez seja impossível ficar totalmente livre dela. Mas a transparência nós conseguimos alcançar. Por isso, criamos esse movimento. Os participantes recebem todo o apoio para adesão das 5 metas, com produção de conhecimento, capacitação e reconhecimento de boas práticas. Acreditamos que isso irá ajudar o setor privado brasileiro a alcançar as metas de combate a corrupção que integram o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16”, revela Chantal.
Social nas empresas

Luciane Pedro, gerente de Responsabilidade Social Corporativa da Engie - empresa membro do LIDE Paraná e signatária do Pacto - apresentou o Programa Parcerias do Bem. “Reforçamos a crença de que empresas conectadas pelo mesmo propósito podem multiplicar o resultado de suas ações em prol das comunidades em que atuam. Com a parceria de diversas empresas já impactamos mais de 50 mil pessoas e investimos mais de 9 milhões ”, contou Luciane.

Porque as empresas devem aderir ao Pacto Global?

Lançado em 2000, o Pacto Global da ONU é uma iniciativa criada para encorajar empresas de todo o mundo a adotar estratégias de sustentabilidade e responsabilidade corporativa, de forma voluntária, alinhadas com os 10 princípios universais do Pacto nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. São mais de 21 mil empresas participantes, de 162 países. No Brasil, que possui a segunda maior rede do mundo e a maior das Américas, são mais de 2.200 empresas que adotaram a iniciativa.

Para aderir ao Pacto Global da ONU no Brasil, as empresas interessadas devem preencher um formulário e uma carta de adesão - o modelo está disponível no site www.pactoglobal.org.br/como-aderir.