Aposta das empresas em ESG aumenta 9% no Brasil, aponta estudo

Levantamento junto a 115 empresas, de 26 segmentos diferentes, mostra ainda que agronegócio (100%), energia (92%) e construção civil (91%) são os segmentos que mais investem na agenda no país.

front-view-man-with-wooden-blocksLevantamento junto a 115 empresas, de 26 segmentos diferentes, mostra ainda que agronegócio (100%), energia (92%) e construção civil (91%) são os segmentos que mais investem na agenda no país. (Foto: Freepik)

Guia estratégico para organizações que buscam equilibrar o sucesso financeiro e o impacto positivo em suas operações, a prática ESG (ambiente, social e governança, em português) tem se consolidado nas organizações do Brasil. Isso é o que mostra a pesquisa realizada pela HRtech Mereo junto a 115 empresas, de 26 segmentos diferentes, além de ter 50% com atuação internacional e 33 delas listada em bolsa. Os achados do levantamento mostram que 95% das empresas utilizaram as ferramentas ESG no ano passado – um aumento de 9% em relação a 2022.

Das organizações que consideram o ESG, 55% focam nos três pilares ao mesmo tempo, enquanto 22,5% avaliam dois pilares (ES, EG ou SG) e 22,5% somente um dos três pilares (E, S ou G).

Embora as empresas ainda não consigam gerenciar todas as dimensões do ESG de forma síncrona, questões sociais aparecem em 90% das empresas pesquisadas – uma queda de 7% em relação a 2022. Destaque para os tópicos engajamento dos trabalhadores (67%) e desenvolvimento humano (59%) - o menor percentual de aposta é na saúde mental, com apenas 1%.

De acordo com Ivan Cruz, cofundador da Mereo, plataforma integrada de gestão de pessoas presente em mais de 40 países, responsável por atender a 10% das 500 maiores empresas do Brasil, o pilar se destaca porque na gestão de pessoas não há grande diferenciação de segmento a segmento, tendo em vista que toda empresa é composta de pessoas que tomam as decisões no dia a dia. “A evolução tecnológica acelerou a competição por talentos e a busca por reskilling (equivalente à requalificação ou reciclagem de um colaborador) e por ambientes mais diversos que favoreçam a inovação nos últimos anos. Nesse sentido, ter métricas e projetos que irão assegurar um ambiente acolhedor, que engaje as pessoas e, ao mesmo tempo, proporcionem o desenvolvimento necessário do colaborador em prol do crescimento do negócio, acaba se tornando uma questão de sobrevivência, e o ESG veio reforçar a importância”, pontua Cruz.

A aposta no pilar sustentabilidade vem em segundo lugar (62%), com destaque para gestão de recursos naturais (68%) e gerenciamento de resíduos (61%) - o que menos aparece é o uso de energias renováveis (14%). Em 2022, o percentual foi de 34% - aumento de 28%. O pilar governança é a aposta de 81% das organizações, com boas práticas de gestão (83%) e sistema de compliance (58%) sendo os eixos mais destacados - sistema de compliance recebe 58%. Em relação a 2022, houve uma queda de 13% (o percentual foi de 94%).

Agronegócio (100%), energia (92%) e construção civil (91%) lideram os segmentos que focam nos pilares ESG. No entanto, vale salientar que a pesquisa não se debruça sobre a representatividade de cada setor. E por uma questão de amostragem, há prevalência de um setor sobre o outro.

No levantamento, o domínio é de empresas de grande porte (47%) - médio e pequeno ficam com 39% e 14%, respectivamente. Ainda, os dados da pesquisa mostram que 38% das empresas que apostam em todos os pilares têm atuação internacional - nacional (44%) e regional (13%). Companhias com mais recursos e capital humano e financeiro podem ser decisivos para o maior investimento nas diretrizes ESG. Empresas internacionais, principalmente aquelas listadas em bolsa, têm uma maior tendência a focar no pilar Social, tendo em vista que podem estar mais sujeitas a riscos legais e de reputação.

De acordo com Cruz, o aumento da aposta em ESG denota a compreensão das companhias de que a agenda é um dos principais pilares que sustentam as empresas, já que colaboradores, investidores e clientes estão cada vez mais atentos à forma com que as empresas lidam com as boas práticas. “Estamos falando de um caminho sem volta. O que antes era uma questão restrita a ativistas e pesquisadores, hoje se consolidou como uma prática essencial e como um requisito básico para qualquer empresa se manter relevante a longo prazo. Estamos falando de valores humanos, sociais e ambientais de uma sociedade que exige a realocação de recursos para projetos que valorizem um mundo, por exemplo, com maior respeito à individualidade das pessoas e maior responsabilidade no uso de recursos naturais e preservação do ambiente ”, salienta Cruz.