Empresas ainda estudam como cumprir normas do ISSB para divulgar informações sobre sustentabilidade, diz PwC

Relatórios com novas regras serão essenciais para compartilhar dados sobre o andamento e a possibilidade de um desenvolvimento sustentável.

towfiqu-barbhuiya-B0q9AkKV6Mk-unsplashPesquisa indica que as organizações devem investir mais no desenvolvimento e treinamento de profissionais. (Foto: Unsplash)

Considerando a implementação das normas de divulgação de informações sobre sustentabilidade do International Sustainability Standards Board (ISSB), IFRS S1 e IFRS S2, a PwC Brasil ouviu executivos e identificou necessidades a serem abordadas para atender os requisitos. A pesquisa indica que as organizações devem investir mais no desenvolvimento e treinamento de profissionais, e que há divisão sobre qual caminho seguir: criar um novo relatório (46%) ou adaptar os atuais documentos (46%) - 8% ainda não avaliou a questão.

Com um cronograma definido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), empresas brasileiras precisam ter em vista o cumprimento do prazo estabelecido para a divulgação das informações – a partir do exercício que termina em 31 de dezembro de 2026.

“É um prazo ambicioso definido pela CVM. Ao mesmo tempo que há dificuldade por não haver parâmetros de referência em outros países, o Brasil se coloca na posição de se tornar essa referência”, avalia o sócio e líder de ESG da PwC Brasil, Mauricio Colombari.

De acordo com o sócio da PwC Brasil, não existe resposta certa quanto à questão de criar um novo relatório ou adaptar os que já existem para informações de sustentabilidade, a maioria das empresas usa o Global Reporting Initiative (GRI). De modo geral, trata-se de um documento de caráter institucional e que pode chegar a 200 páginas.

“Uma sugestão seria incluir uma nota explicativa de balanço financeiro, um documento mais curto e objetivo”, afirma Mauricio Colombari.

Os investidores serão os principais beneficiados pela divulgação dessas informações de forma clara, uma vez que poderão avaliar riscos relativos à sustentabilidade que cada empresa apresenta. Por sua vez, a maior parte das organizações (73%) está em fase de entendimento das normas e quase 60% ainda não definiram os papéis e as responsabilidades para a preparação das divulgações relacionadas à sustentabilidade:

“É natural, visto que a publicação das exigências aconteceu no ano passado”, completa.

Entre os principais desafios para a implementação das normas nas empresas, os respondentes têm três preocupações principais, que na pesquisa aparecem assinaladas por 56,8% dos participantes:

• Integração entre as áreas da organização que atuam nas diferentes frentes abordadas pelas normas.

• Informações quantitativas sobre como os riscos e as oportunidades de sustentabilidade podem afetar a posição patrimonial, geração de caixa e geração de resultados no curto, médio e longo prazos.

• A necessidade de publicação das informações de sustentabilidade na mesma data que as demonstrações financeiras.

A pesquisa revela que mais da metade dos respondentes (51,4%) entende que as normas do ISSB vieram preencher uma lacuna importante e contribuirão para que as divulgações sobre sustentabilidade tenham maior qualidade e confiabilidade. No entanto, apesar de entender que a implementação das normas é positiva, uma grande parcela (37,8%) não enxerga benefícios significativos..

De acordo com o sócio da PwC, essa parcela de céticos significa que parte enxerga o próprio negócio pouco sujeito a riscos relacionados à sustentabilidade - mas que também existem executivos que não veem essa necessidade.

“As normas para a elaboração de relatórios de sustentabilidade do ISSB serão essenciais para que as empresas e a sociedade sejam mais bem informadas sobre o andamento e a possibilidade de um desenvolvimento sustentável. Esta será uma ótima oportunidade para construir confiança com os stakeholders e garantir que as práticas fiscais responsáveis estão sendo adotadas”, avalia Mauricio Colombari.