Robson Andrade: precisamos de visão de longo prazo em que a inovação seja prioridade
Liderança defendeu aumento dos investimentos na área e atenção à formação de mão de obra especializada. Ele fez o discurso de abertura do 9º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, defendeu que o Brasil priorize uma política de longo prazo para a área de inovação. A afirmação foi feita na manhã desta quarta-feira (9), durante o discurso de abertura do 9º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, promovido pela CNI e pelo Sebrae, em São Paulo.
“Devemos construir, com urgência, uma visão de longo prazo em que a inovação seja a prioridade e o principal vetor para a inserção internacional do Brasil na era do conhecimento”, pontuou o presidente da CNI.
Segundo ele, as adversidades inéditas trazidas pela pandemia de Covid-19 reforçaram a importância da inovação para a retomada do crescimento econômico e para a melhoria da qualidade de vida da população.
Robson Andrade alertou que o desafio da inovação no Brasil precisa ser compartilhado pelo poder público e iniciativa privada. “O esforço dos setores público e privado para estimular o desenvolvimento tecnológico é imprescindível para aumentar a produtividade, acelerar o crescimento econômico e promover o bem-estar da população brasileira”, disse.
Além de uma política de longo prazo para ciência, tecnologia e inovação (CT&I), o presidente da CNI recomendou que o país promova melhorias no ambiente regulatório, amplie os investimentos em CT&I para patamares internacionais e priorize a formação de recursos humanos para áreas ligadas à transformação digital.
O Brasil ocupa a 57ª posição no Índice Global de Inovação, ranking que avalia 132 países. Robson Andrade pontuou que essa colocação é incompatível com a grandeza do país, com a sofisticação do setor empresarial brasileiro e com o fato de sermos a 11ª economia do mundo.
Países enxergaram a importância estratégica da inovação
“As economias mais avançadas e as emergentes já compreenderam a importância estratégica da inovação. Isso fica evidente nas despesas desses países com atividades de pesquisa e desenvolvimento, que, em alguns casos, alcançam quase 5% do Produto Interno Bruto, o PIB”, destacou. O Brasil investe em média apenas 1% do PIB em inovação.
O presidente da CNI destacou ainda que o segmento industrial tem dado importante contribuição para o desenvolvimento tecnológico do Brasil. Ele mencionou iniciativas da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) – grupo coordenado pela CNI que reúne cerca de 500 das principais lideranças empresariais do país –, como a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e a formulação de propostas que levaram à manutenção da Lei do bem e a aprovação da lei que proibiu o contingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Ele também mencionou que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industria (SENAI) mantém 26 Institutos de Inovação e os 58 Institutos de Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, que formam a maior rede de pesquisa aplicada da América Latina.
“Cabe, ainda, reconhecer o diferencial da atuação do SESI e do SENAI na educação e na formação de trabalhadores, e a centralidade do Sebrae para a viabilidade dos pequenos negócios”, enfatizou Robson Andrade. “Se os desafios são muitos, é também essencial conhecermos e darmos visibilidade às iniciativas exitosas, às parcerias bem-sucedidas, ao Brasil que dá certo”, acrescentou.
Participaram também da solenidade de abertura do Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria o presidente do Sebrae, Carlos Melles; o ministro em exercício da Ciência, Tecnologia e Inovações, Sergio Freitas de Almeida; e o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Waldemar Barroso.
Manifesto da MEI em prol da inovação no Brasil
Líder da MEI e presidente do Conselho de Administração do Grupo Ultra, o empresário Pedro Wongtschowski leu um manifesto do movimento em prol da inovação. Ele destacou que as empresas inovam porque são movidas pela própria sobrevivência e que o fazem na certeza de que quem não inova sucumbe.
“Temos isto muito claro e é a razão da criação da Mobilização Empresarial pela Inovação e de seu sucesso. Mas a MEI é muito mais do que isto. É a expressão fiel de que temos mais do que as motivações intrínsecas de nossos negócios para seguir a trilha da inovação. Temos outra motivação, temos aqui um propósito maior. O propósito de construir uma sociedade melhor. Um país próspero para todos os brasileiros”, frisou.
Wongtschowski ressaltou também o papel importante da indústria no combate à pandemia e no desenvolvimento de soluções para enfrentar o coronavírus. “Em nossas empresas e em nossas associações demos outra resposta exemplar de solidariedade e de compromisso com a sociedade. Um volume jamais visto de recursos financeiros foi canalizado para ações sociais, para programas de combate à fome, para criação de hospitais de campanhas, para testagem em massa, para apoio às equipes da linha de frente, para a produção e distribuição de equipamentos de proteção individual”, lembrou.
Fonte: Agência de Notícias da Indústria