Para 61% do mercado, Haddad perdeu força desde o início do mandato, aponta Genial/Quaest
A pesquisa foi realizada nos últimos cinco dias - entre 29 de novembro e 3 de dezembro -, capturando, assim, a reação negativa do mercado financeiro ao pacote fiscal anunciado na quarta-feira da semana passada. Foram feitas 105 entrevistas com gestores, economistas, analistas e operadores (traders) de fundos de investimento sediados em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A pesquisa confirma o desgaste da política fiscal perante o mercado. A avaliação de 58% dos entrevistados é de que o arcabouço fiscal, que estabelece metas de redução do déficit nas contas públicas e limites para os gastos, perdeu toda a credibilidade. A parcela restante, 42%, entende que restou pouca credibilidade à regra.
Conforme a Genial/Quaest, na esteira das medidas de contenção de despesas públicas consideradas nada satisfatórias por 58%, mais de um terço do mercado (37%) entende que o arcabouço se sustenta apenas até o ano que vem. É praticamente generalizada a avaliação, manifestada por 96% dos participantes da pesquisa, de que a política econômica avança na direção errada - um aumento em relação à parcela que tinha esta percepção em março: 71%.
Com isso, apesar de indicadores de atividade acima que surpreenderam neste ano os economistas, a expectativa de piora da economia nos próximos 12 meses subiu de 32% para 88%.
A ampliação da faixa de isenção do imposto de renda para R$ 5 mil, proposta junto com o pacote, é tida por 85% como uma medida que tende a prejudicar a economia, e metade dos entrevistados (50%) vê como muito provável sua aprovação no Congresso. Apesar disso, aumentou, de 23% para 39%, a avaliação de que, em geral, é baixa a capacidade do governo de aprovar sua agenda no Legislativo.
Após a divulgação do pacote de contenção de gastos, 67% dos fundos dizem que vão aumentar sua posição no exterior. Com 66% do mercado colocando na conta uma aceleração da alta dos juros para 0,75 ponto porcentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem, um terço (34%) aposta que o ciclo de aperto monetário termina com a Selic acima de 14%.