País deve ter safra recorde de grãos em 2022
Valor Bruto da Produção nacional deve atingir R$ 1,25 trilhão em 2022 – 4,2% a mais em relação ao ano passado.
Regões Sudeste, Centro-Oeste e Sul devem se destacar entre as que terão um ano de safra fertil, segundo especialista da EY. (Foto: Agência Brasil)
O agronegócio deve seguir como um dos principais motores da economia brasileira em 2022. Projeções da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) indicam safra recorde de grãos, com previsão de 289 milhões de toneladas, cerca de 14% a mais do que foi produzido em 2021. Um dos fatores para o otimismo é a perspectiva de um clima mais favorável nas lavouras este ano, que sofreram muito com a forte estiagem registrada no ano passado, em especial nas regiões agrícolas do Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
“Teremos uma safra melhor que a atual em função do clima melhor, mesmo com a possibilidade do La Niña (fenômeno climático que altera o regime de chuvas) e do risco da menor utilização de fertilizantes pelo produtor”, explica Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA, em texto divulgado pela entidade.
Lucchi explica que um dos desafios ao produtor será em relação ao crédito financeiro para financiar a produção. “A Selic vai continuar alta em 2022, e isso traz uma preocupação muito grande para o setor, em função, principalmente, do crédito rural oficial, que tem uma parte indexada à Selic. Logo, imaginamos um cenário mais complicado para tomada de crédito para o produtor”, disse Luchi, em entrevista coletiva promovida pela CNA.
Em relação ao Valor Bruto da Produção (VBP), que mede o faturamento da atividade na agricultura e pecuária, a expectativa da CNA é que o VBP chegue a R$ 1,25 trilhão em 2022 – 4,2% a mais em relação a 2021. Culturas como café, milho e trigo devem se destacar em relação ao valor bruto, enquanto soja, carne bovina e arroz podem apresentar quedas de VBP, de acordo com os estudos das CNA.
Entre as boas notícias para a campo estão as perspectivas tecnológicas com a chegada da internet 5G ao país. “O 5G irá provocar grande impacto no agronegócio. Em um primeiro momento porque, no leilão de 5G realizado no início de novembro do ano passado, está prevista significativa expansão de cobertura para localidades remotas e estradas, além da construção de redes de transmissão que servirão para a expansão dos serviços rurais”, explica José Ronaldo Rocha, sócio da EY e líder de consultoria para o setor de Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT).
Segundo Rocha, o 5G, em um segundo momento, será fundamental em diferentes partes da cadeia produtiva, tais como: banda larga móvel de alta velocidade, que permitirá a transmissão de dados a altas taxas, conectando o campo aos centros de administração, de tecnologia rural e também comerciais para os produtos agro; aplicação massiva de dispositivos de comunicação, monitorando a área produtiva e permitindo uma otimização em sua gestão; e aplicação de dispositivos de comunicação de alta confiabilidade e baixa latência, que permitirá controle e automatização de atividades como plantação, adubação, irrigação, colheita.
A preservação ambiental também estará na pauta do agronegócio e do país. “É equivocada a ideia de que expansão produtiva compete com a preservação ambiental. É fato que temos muito a melhorar, mas, segundo dados da Embrapa, o uso agropecuário em solo brasileiro é cerca de 30%, ante 80% nos Estados Unidos”, explica Leonardo Dutra, diretor executivo e líder de serviços na área de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da EY.
Fonte: Agência EY