Otimismo com o crescimento econômico é um dos destaques da nova edição do Barômetro da Infraestrutura

Além disso, estudo indica que Saneamento, Energia Elétrica e Rodovias ainda são os setores com os maiores potenciais de investimentos.

towfiqu-barbhuiya-joqWSI9u_XM-unsplashAlém disso, estudo indica que Saneamento, Energia Elétrica e Rodovias ainda são os setores com os maiores potenciais de investimentos. (Foto: Unsplash)

A EY, uma das principais consultorias e auditorias do mundo, e a ABDIB, Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, realizam semestralmente o Barômetro da Infraestrutura com o objetivo de identificar o ânimo de empresários e especialistas dos setores de infraestrutura a respeito de temas que impactam a realização de investimentos e o desenvolvimento de projetos. Um dos destaques dessa edição é o otimismo com o crescimento econômico, atingindo o maior patamar dos últimos dois anos, saindo de 25,8% na edição anterior para 36,4% na atual.

Com isso, consequentemente também houve uma queda na visão pessimista, que era de 24,2% para 20,6%. “Esse indicador é bastante positivo porque também traz a percepção de um cenário favorável para a promoção de investimentos em infraestrutura nos próximos seis meses. Por exemplo, 52,2% dos entrevistados nesta edição consideram favorável o cenário para investimento nesse período. Já na edição anterior, esse número estava em 44,4%. Foi o maior resultado dos últimos dois anos”, explica Gustavo Gusmão, sócio da EY para o setor de Governo e Infraestrutura.

O executivo também destaca outra temática do estudo, segundo ele, “o aumento na perspectiva de contratações do setor no mercado também é mais uma sinalização de confiança do setor no ambiente de investimentos. E tivemos um aumento nessa questão também em relação às duas edições de 2023”.

Ao analisar os três setores mais atrativos para potenciais investimentos, as primeiras posições seguem as mesmas pela terceira edição consecutiva: saneamento básico (57,2%), energia elétrica (50,7%) e rodovias (32,4%). Em relação à edição anterior, mesmo sem alterações nas três primeiras colocações, o saneamento teve uma leve queda de 4,3%, enquanto houve um aumento de 3,8% no setor de energia elétrica, que estava em 46,9% e subiu para 50,7%, e Rodovias se manteve com a mesma porcentagem.

De modo geral, as agendas estruturantes do país estão sendo fomentadas pelo programa Nova Indústria Brasil (NIB), que prevê cerca de R$ 5,3 bilhões em novos projetos até 2026 visando o fortalecimento da infraestrutura produtiva nacional, com iniciativas voltadas à inovação e à sustentabilidade. “Porém, o estudo ainda indica um baixo conhecimento sobre isso, além de muitos respondentes não saberem opinar sobre o programa (21,6%), o que demonstra que essa iniciativa ainda é pouco conhecida no setor”, pontua Gusmão.

Grande parte dos entrevistados (47,1%) apontou que as medidas e propostas do NIB não atendem às expectativas, enquanto 25,8% acredita que o programa atendeu às expectativas de desenvolvimento de acordo com as propostas que nele constam.

Já quando questionados sobre os pontos positivos do NIB, enquanto 32,9% não sabem responder, 38,2% sinalizaram o alinhamento com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

PPPs e concessões

Ao analisar o potencial para investimentos por meio de PPPs (Parceria Público-Privada) e concessões, os Estados mantêm a liderança, enquanto o Governo Federal e os municípios, aproveitam pouco esses mecanismos. Inclusive, a maior parcela dos entrevistados, 58,8%, considera que há espaço para a União fazer mais e 33,5% acreditam que a União faz o mínimo possível.

Em relação aos municípios, 2024 será um ano eleitoral e 42,9% dos entrevistados acreditam que isso impacta negativamente as concessões e PPPs. Enquanto isso, 37,6% acredita que não haverá nenhum impacto significativo. “Nesse ponto, a percepção é dividida porque enquanto alguns associam que o ano eleitoral pode interromper a agenda de projetos de concessões e PPPs para concentrar-se nos esforços eleitorais, outros podem entender que isso pode ser uma plataforma interessante para ser explorada e priorizada em período eleitoral”, explica Gusmão.

“A reforma tributária também apresenta desafios em relação a PPPs e concessões e destacaria duas questões de maior preocupação: a necessidade de definição clara de diretrizes para as novas modelagens de projetos e o estabelecimento de regras claras para disciplinar os processos de reequilíbrio econômico-financeiro de contratos vigentes”, pontua o executivo.

O Barômetro indica que 57,3% veem a necessidade de definir diretrizes para a modelagem de novos projetos durante a transição dos regimes tributários; 57,1% destacam a importância de estabelecer regras claras para o reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos em vigor e 36,6% ressaltam o impacto sobre tarifas aos usuários finais.

ESG e transição energética

Nas temáticas que tangem a agenda ESG, a transição energética é o grande destaque do estudo. Quando questionados sobre os principais desafios sobre isso, a maior parcela das respostas (57,3%) indica que faltam diretrizes e políticas industriais efetivas, ao passo que 49,0% apontam para a falta de linhas de financiamento para a indústria de transição energética e, 33,9%, indicam ausência de mão de obra especializada.

Segundo Gusmão, “identificamos que as discussões acerca da transição energética têm ganhado maior destaque, especialmente após a constatação de que as ações atuais não são suficientes para conter as emissões de carbono e perseguir as metas de desenvolvimento sustentável”.

Além disso, os eventos geopolíticos, como a guerra na Ucrânia, trouxeram desafios adicionais para a transição energética, levando alguns países a revisarem suas metas climáticas. No entanto, também despertaram uma busca por maior autossuficiência energética e impulsionam investimentos em energias renováveis como solução viável e econômica.

“No contexto brasileiro, os avanços na geração solar e a expansão das fontes renováveis na matriz energética destacam o país como um ator relevante na transição energética global”, conclui o executivo.