Open Insurance traz desafios ao setor de seguros

Seguradoras precisam criar novos produtos e usar tecnologia para não perder clientes.


A implementação do sistema de dados deve ocorrer em breve. (Foto: Pixabay)


Um mercado mais integrado, competitivo e eficiente pelo uso de tecnologia e dados compartilhados que permitirá ao setor de seguros oferecer produtos customizados e assertivos aos clientes. Essa é a premissa do Open Insurance, que começa a ser implementado a partir de 15 de dezembro. 

O Brasil é o primeiro país no mundo a criar a regulação desse mercado, segundo Nuno Vieira, líder de Consultoria em Seguros da EY. A normatização está a cargo da Susep (Superintendência de Seguros Privados). 

Nuno Vieira comenta que na pesquisa “Consumidor de Seguros 2021”, divulgada recentemente pela EY, o consumidor já mostrou que quer uma variedade de produtos – e estes ofertados pelas seguradoras de forma mais digitais – e está disponível para compartilhar seus dados se tiver benefícios. 

“As seguradoras terão muitos desafios. Precisam pensar em novos produtos e como estruturam ofertas que protejam o cliente como um todo. Oferecer seguro de vida separado não é suficiente, por exemplo. Precisa pensar como vão proteger a saúde desse cliente”, afirma Nuno Vieira. 

Um segundo ponto importante é que as seguradoras têm de pensar em como acessar seu cliente de forma digital. “Não é só vender. Precisa se engajar com o cliente e prestar todo serviço de forma digital.” 

O terceiro ponto, de acordo com Nuno Vieira, é como a seguradora se estrutura do ponto de vista de Open Insurance para acessar novos clientes e proteger seus clientes do acesso de outras seguradoras. 

Concorrência 

A implementação do Open Insurance será realizada em fases. A primeira delas, a partir de 15 de dezembro deste ano, contemplará o compartilhamento de dados públicos das empresas referentes a produtos e canais de atendimento. Na segunda fase, prevista para começar em 1º de setembro de 2022, os clientes poderão compartilhar seus dados pessoais. Já a terceira fase, que prevê a execução de serviços por meio do ecossistema, terá início em 1º de dezembro de 2022. 

O diretor da Susep Eduardo Fraga explica que devem ser oferecidas propostas customizadas de acordo com o perfil do consumidor, de forma ágil, no momento adequado e sob seu controle. “No momento de uma necessidade, na ocorrência de algum evento que o seguro se propõe a reparar, pode-se obter mais rapidez na resolução, inclusive com serviços que surpreendam positivamente o consumidor como, por exemplo, o pagamento de indenizações de forma mais ágil, até mesmo automática, diretamente em sua conta”, aponta Fraga. 

A diretora da Susep Solange Vieira também destaca a importância do Open Insurance. Segundo ela, novas oportunidades surgirão para aquisição de produtos com preços menores e meios de pagamento mais adequados à realidade do consumidor. “É exatamente neste ponto que o sistema de dados abertos de seguros (Open Insurance) entrega resultados valiosos para o país”, aponta Solange Vieira, de acordo com o site oficial da Susep.  

As grandes empresas de seguros são obrigadas a participar e a abrir os dados que possuem, caso seu cliente autorize o compartilhamento de suas informações. As novas empresas do setor, como as insurtechs (empresas digitais de seguros), participam se quiserem. Mas uma vez dentro do Open Insurance, elas também terão de compartilhar os dados.  

“O Open Insurance vai aumentar a concorrência. As maiores seguradoras têm mais a perder do que as menores ou insurtechs. O desafio para elas é como farão parcerias para se alinhar com outras seguradoras ou insurtechs, por exemplo. Se elas ficarem como estão, vão perder mercado", explica Nuno.