Fusões e Aquisições continuam em tendência de alta no Brasil
Elas acumulam 253 transações até fevereiro de 2022 e crescem 38,2% em relação ao mesmo período de 2021.
Fusões e Aquisições continuam em tendência de alta no Brasil. (Foto: Pixabay)
Em fevereiro de 2022 foram anunciadas 123 transações, número 15,0% superior ao mesmo mês de 2021 e, somando-se as 130 anunciadas em janeiro – 71,0% acima de janeiro de 2021, quando foram anunciadas 76 transações, registam-se 253 transações acumuladas no ano e crescimento de 38,2% no período em relação ao mesmo período em 2021.
Os setores de maior destaque continuam sendo associados, direta ou indiretamente a tecnologia, e representaram aproximadamente 25% das transações anunciadas no período. Serviços financeiros (onde tecnologia também está fortemente presente), representaram cerca de 20%, sendo seguido por setores de serviços (B2B e ao consumidor), logística, mídia e entretenimento e produtos de consumo. Investidores estratégicos continuam liderando o número de transações anunciadas estando presentes em aproximadamente 61,0% das operações.
Em relação a players destacaram-se no período de janeiro as transações da XP Inc. (aquisição do Banco Modal) por cerca de R$ 3,0 bilhões, do Pátria, adquirindo usinas hidroelétricas da Contour Global, a operação do Softbank adquirindo participação na Creditas e Gupy (rodada em que a Riverwood também participou), a Sinqia adquirindo a Lote45 e a Petz adquirindo a Petix. Principais 10 transações de janeiro somaram cerca de R$ 10,0 bilhões.
Já em fevereiro, as principais 10 transações totalizaram R$ 25,6 bilhões, com destaque para a transação de fusão entre a Rede D’or e na SulAmérica avaliada em cerca de R$ 16,0 bilhões (destaca-se que com esta transação, a Rede D’Or, maior grupo hospitalar do país, continua processo de verticalização de operações e entra no segmento de seguro saúde. Até então, a atuação da Rede D’Or nesse mercado era ser a maior acionista da Qualicorp, administrador de planos de saúde por adesão). Merecem destaque também a transação de R$ 1,4 bilhões do fundo de private equity Advent adquirindo a Tigre, empresa líder brasileira de materiais de construção, a da Energisa adquirindo a Gemini, no setor de energia, e a entrada no Brasil do grupo Sul Africano Steinhoff/ Pepkor adquirindo o Grupo Avenida, líder regional no setor de varejo, que culminou com a saída do fundo de private equity Kinea da operação, investida em 2014.
Após recorde de operações em 2021, com 70 IPOs e Follow-ons e movimentação de R$ 130 bilhões, o de capitais no Brasil continua sua movimentação a seletividade – característica esta que deverá permanecer ao continuar do ano, mas descolando-se positivamente, até este momento, das performances mundiais, e registrou um fluxo de capital externo em fevereiro de aproximadamente R$ 28 bilhões, com acumulado no ano de 61,0 bilhões.
O volume de operações de fusões e aquisições ainda não sofreu qualquer impacto, mas enfrentará um momento de turbulência causada pela invasão da Rússia à Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, e impactos econômicos globais. Haverá altas de preços de commodities, inflação e um novo período de incertezas. Particularmente ao Brasil, além de impacto nos preços de petróleo, temos uma questão muito importante associada ao agronegócio (particularmente trigo), incluindo a vertical de fertilizantes - cerca de 30% das necessidades do Brasil vêm da região).
A incerteza traz menor previsibilidade e isto incomoda o investidor. O aumento generalizado de taxas de juros globais será aumentado. O Brasil tem seus desafios internos e um ano bastante crítico marcado pelas eleições presidenciais. A crise global que ora se instala pode agir como um reversor de impulso ou mesmo um headwind para uma economia brasileira que já estava prevista de um crescimento marginal, ou negativo em 2022.