Com guerra na Ucrânia, empresariado brasileiro precisará reduzir custos e inovar para enfrentar impactos econômico

Economista da FGV analisa aumento de preços no Brasil em função da crise. Combate à corrosão na indústria e no agro é oportunidade para corte de custos em até 65%.

UcrâniaGuerra entre Rússia e Ucrânia começou no final de fevereiro, gerando crises humanitárias e econômicas. (Foto: REUTERS/Viacheslav Ratynskyi/Reprodução Agência Brasil)


“Mesmo que a guerra na Ucrânia terminasse hoje, o impacto sobre a economia brasileira seria dramático e relevante, atingindo diversos segmentos. Os setores da construção, de petróleo, o agronegócio, o agropecuário e o têxtil sentirão os efeitos do conflito que ocorre do outro lado do planeta”. O alerta é do superintendente adjunto para Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), André Braz.

O economista lembra que a lista de derivados do petróleo vai muito além da gasolina e do diesel – que acabam de sofrer forte reajuste -, uma vez que o agronegócio, por exemplo, usa fertilizantes derivados deste recurso fóssil. “Não será somente o agronegócio o segmento afetado pela crise, uma vez que a indústria automobilística usa também resinas combustíveis para a fabricação de consoles, forros de portas e para-choques”, destaca.

Braz ressalta que “estes preços não são regulados e, à medida que as cotações dos derivados de petróleo batem recordes e se estabilizam em patamares muito acima, por conta dos embargos impostos à Rússia – e de Moscou para os grandes mercados –, essa nova realidade tende a ser mais duradoura e não será somente um breve período de incerteza, com ruídos de curto prazo”. Fato é que aos poucos estes repasses vão chegar aos preços, uma vez que o conflito armado deverá causar no Brasil o choque de oferta: pouca matéria prima ou mercadorias para atender ao mercado, motivada pelos embargos impostos a Moscou, além da desmobilização das cadeias produtivas. A única certeza é a de que os preços vão subir ainda mais.

 

André Braz/Divulg./ FGV IBRE
André Braz é superintendente adjunto para Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).

Medidas que reduzem custos

André Braz alerta que, em tempos como este, o empresário deverá adotar técnicas de produção como alternativa para driblar despesas e adotar inovações mais baratas e sustentáveis. “Eu acho que a redução de custos está na cartilha do empresário moderno e consciente que vislumbra a oportunidade de aumentar sua produtividade, diminuindo gastos”, afirma. Nesta lista estão medidas como comprar maquinário mais eficiente, adotar fontes de energia renováveis, treinar a mão de obra ou investir em tecnologias que evitem a depreciação de seus equipamentos e máquinas.

Empresa brasileira especializada no combate à corrosão pelo método de passivação, a Passivar, por exemplo, ilustra o uso de novas tecnologias que evitam a depreciação de equipamentos e infraestrutura em vários setores da economia, como no agronegócio e nas indústrias de siderurgia e de celulose. Carro-chefe da empresa, o produto Anodo Passivar cessa a deterioração do aço em bens de produção, dutos ou veículos, o que diminui os custos.

As indústrias e o agronegócio, por exemplo, convivem com o crônico problema de acúmulo de resíduos ou mesmo de incrustações. A remoção destes restos e o reparo em maquinário e tubos trazem não somente despesas com produtos de limpeza e consumo de eletricidade, mas também prejuízos, como a queda de produtividade e a depreciação de equipamentos. O Anodo Passivar emite micropulsos elétricos para gerar uma película protetora de elétrons que blinda o aço da ação destrutiva da corrosão a um custo 65% inferior aos métodos convencionais que usam graxas e químicas.

O diesel é o principal vilão

Ao observar o índice de preços ao consumidor amplo (IPCA), pode-se pensar que o diesel tenha pouca influência nos preços porque as famílias não têm carro com esse tipo de motor mais pesado. No entanto, para a atividade produtiva, este combustível é muito mais importante do que a gasolina. “Basta olhar a frota de transporte de carga e a influência dos caminhoneiros. E ainda os tratores e máquinas do agronegócio e o transporte público nos grandes centros urbanos. Tudo isso é diesel na veia. Assim, este combustível é o maior vilão, porque causa uma inflação que a gente não percebe mas está no nosso dia a dia. Se você vai comprar uma couve na feira, o preço dela estará influenciado pelo frete que a levou até a barraca”, concluiu André Braz.