Cooperativas de crédito buscam devedores para renegociar dívidas

Com a taxa Selic mantida a 10,5% ao ano pela segunda reunião consecutiva do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada no último dia 31 de julho, o horizonte para alterações no cenário de juros parece estático no curto prazo.

harvesting-combine-fieldCooperativas de crédito têm adotado uma postura proativa na renegociação de dívidas com produtores rurais. (Foto: Divulgação)

Atentas à capacidade financeira de quem tomou crédito, neste contexto, cooperativas de crédito têm adotado uma postura proativa na renegociação de dívidas com produtores rurais e outros devedores. “Isso reflete o compromisso dessas instituições em manter um relacionamento saudável e humanizado com seus associados, especialmente em setores como o agronegócio, que enfrentam desafios econômicos específicos”, explica o advogado Rodrigo Stussi de Vasconcellos, que acompanha as relações entre cooperativas e devedores. Entre as ações tomadas pelas cooperativas estão a adaptação de condições e modalidades de pagamento, flexibilidade em termos de prazos e taxas de juros.

Escritórios de advocacia têm sido procurados, tanto por cooperativas como pelos devedores, para estruturar acordos equilibrados e viáveis para ambas as partes, facilitando a continuidade das atividades econômicas dos produtores rurais e demais devedores atendidos pelas cooperativas de crédito, sem a necessidade prioritária de processo judicial.

Antecipando movimentos de mercado

Segundo Rodrigo, sócio-fundador do escritório Stussi de Vasconcellos Advogados, a iniciativa de renegociação tem partido também dos devedores, por meio da via extrajudicial. E as instituições financeiras têm avaliado as propostas.

Por outro lado, “as cooperativas estão adotando abordagens estratégicas para lidar com a possibilidade de produtores rurais e outros associados recorrerem à recuperação judicial. Essa medida é vista como um último recurso, pois envolve custos elevados e um processo judicial complexo. Para evitar essa situação, as cooperativas estão priorizando alternativas extrajudiciais, como renegociações de dívidas e refinanciamentos, que podem ser mais rápidas e menos onerosas para todas as partes envolvidas”, explica o advogado.

Assistência financeira

Além disso, algumas cooperativas têm investido em programas de assistência financeira e orientação para os produtores rurais que enfrentam dificuldades econômicas, buscando mitigar os problemas de caixa antes que se tornem críticos. “Isso inclui o estabelecimento de linhas de crédito especiais, prazos de carência e condições de pagamento adaptadas às necessidades específicas”, explica Rodrigo.

Cenário desafiador para cooperativas e associados

Com possível alta de inflação, PIB e câmbio, as cooperativas de créditos e seus associados vivem cenário econômico desafiador especialmente no contexto de renegociação de dívidas e juros considerados por muitos como altos.

“Sabemos que a renegociação de dívidas se torna uma estratégia crucial para mitigar os impactos financeiros sobre empresas e produtores rurais alavancados, sendo certo que as cooperativas de crédito buscam abordagens proativas. É fundamental uma análise cuidadosa das implicações legais e regulatórias envolvidas em cada processo de renegociação, assegurando que todas as partes estejam protegidas juridicamente e que os acordos firmados sejam sustentáveis a longo prazo.

Em resumo, as cooperativas de crédito estão se esforçando para oferecer soluções que promovam a continuidade das operações dos produtores e a sustentabilidade financeira das próprias instituições, ao mesmo tempo em que respeitam os interesses e realidade de seus associados e cumprem com suas obrigações regulatórias. A escolha entre as diferentes alternativas de renegociação de dívida depende da gravidade da situação financeira e da disposição de todas as partes em negociar de forma colaborativa e construtiva.