Rabino defende fim do Estado de Israel em homenagem de deputados do PT à Gaza na Câmara
Durante sessão solene no Plenário da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 2, um rabino defendeu o fim do Estado de Israel, ao qual definiu como "a personificação e a definição mais clara do antissemitismo", conceito que se refere à hostilidade ou preconceito contra judeus.
"A diferença de religião nunca foi causa de conflito. A ocupação sionista da Palestina é a causa principal do derramamento de sangue trágico e contínuo que ocorre há mais de cem anos tanto de árabes quanto de judeus. Ser contra o Estado sionista de Israel não é ser contra os judeus, nem ser antissemita. Na verdade, o Estado de Israel é a personificação e a definição mais clara do antissemitismo", disse o rabino Yisroel Dovid Weiss, líder espiritual judeu nascido nos Estados Unidos conhecido pelo ativismo antissionista.
A sessão solene em homenagem aos 77 anos da "Nakba", termo que se refere à limpeza étnica na Palestina para dar lugar ao estado israelense, foi solicitada pelos deputados federais Lindbergh Farias (PT-RJ), Nilto Tatto (PT-SP), Odair Cunha (PT-MG), Paulo Pimenta (PT-RS), Washington Quaquá (PT-RJ) e outros 10 parlamentares petistas.
O rabino afirmou ainda que o Estado de Israel é "a causa do ódio e da violência contra os judeus" porque "age falsamente em nome de todos nós", se referindo ao grupo religioso. Ao final de seu discurso, Yisroel pediu o fim do país israelense, e a libertação da Palestina e da Faixa de Gaza, onde estão concentrados os ataques de Israel que já fizeram mais de 55 mil mortos na região, segundo Ministério da Saúde do governo Palestino, controlado pelo grupo terrorista Hamas.
O ativista Thiago Ávila, brasileiro que estava na embarcação que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza e foi interceptada por Israel no mês passado, também participou da sessão. Ele e alguns dos deputados presentes usaram "keffiyeh" e outros símbolos representando a bandeira do território palestino.
O discurso e o gesto dos parlamentares petistas ocorre em meio a hostilidades entre Israel e o governo brasileiro. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou passar o prazo constitucional para promulgar lei que define o Dia da Amizade entre Brasil e Israel, deixando a tarefa para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
No início de junho, a embaixada israelense em Brasília afirmou em nota que autoridades ao redor do mundo "compram mentiras" do Hamas, e por isso atacam o governo de Binyamin Netanyahu. Sem citar o presidente, o comunicado foi publicado após Lula voltar a criticar as ações militares de Israel em Gaza.