Temer: 'É preciso superar o reducionismo que limita o debate ambiental à floresta amazônica'

Ex-presidente destaca o papel estratégico do Brasil na segurança alimentar global, elogia a convergência política com Marrocos e critica a ideologização do debate ambiental.

Durante sua participação no LIDE Brazil-Morocco Forum, realizado em Marrakech, o ex-presidente Michel Temer fez uma exposição marcada por reflexões geopolíticas e econômicas sobre o papel do Brasil no cenário internacional e suas relações com o Marrocos. Em sua fala, ele defendeu o fortalecimento do multilateralismo, a valorização das convergências institucionais entre os dois países e a importância de se despolitizar o debate ambiental.

Temer começou observando a mudança na dinâmica das relações internacionais: “Se antes elas eram baseadas em motivações político-ideológicas, hoje são movidas pelo interesse comercial, industrial e empresarial”. Nesse contexto, destacou o papel do LIDE como elo entre as nações e reiterou que o multilateralismo é essencial, citando a China e os Estados Unidos como exemplos de parceiros comerciais fundamentais para o Brasil — ao lado do mundo árabe, que consome cerca de 45% da carne de frango brasileira.

O ex-presidente também projetou o Brasil como peça-chave na segurança alimentar global, mencionando que o país já é o segundo maior exportador de alimentos do mundo e deverá assumir papel ainda mais relevante diante do crescimento populacional previsto nas próximas décadas. Ele destacou a "relação umbilical" entre Brasil e Marrocos nesse contexto, com o país africano sendo fornecedor de insumos essenciais como fertilizantes e potássio, fundamentais para o agronegócio brasileiro.

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Temer ainda elogiou as semelhanças institucionais entre Brasil e Marrocos, como a defesa da liberdade de expressão, o fortalecimento do parlamento e o equilíbrio entre os poderes. Encerrou sua fala com críticas à ideologização do debate ambiental, afirmando que “meio ambiente e agronegócio não são inimigos”. Lembrou que em seu governo promoveu o diálogo entre os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, o que evitou conflitos e possibilitou avanços, como a criação da maior reserva marinha do mundo.

“É preciso superar o reducionismo que limita o debate ambiental à floresta amazônica”, afirmou, reforçando a ideia de desenvolvimento sustentável com inclusão social.

Com tom otimista, Temer concluiu sua exposição afirmando que a aproximação entre Brasil e Marrocos será cada vez mais próspera. “Marrocos não esquecerá deste momento em que João Doria trouxe o Brasil até aqui”, finalizou.


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