LIDE articula frente empresarial contra tarifas de 50% dos EUA e defende agenda positiva

Em reunião emergencial, lideranças do LIDE Comércio Exterior, LIDE Economia e representantes do setor produtivo reagiram ao tarifaço anunciado pelos EUA e propuseram uma ofensiva diplomática.

WhatsApp Image 2025-07-18 at 09.05.33Lideranças do LIDE e representantes do setor produtivo reagiram ao tarifaço anunciado pelos EUA e propuseram uma ofensiva diplomática. (Foto: Rodrigo Senigalia/ LIDE)

Diante do anúncio do presidente Donald Trump de aplicar tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, o LIDE promoveu uma reunião de emergência com representantes dos setores mais afetados, economistas, diplomatas e membros do governo. O encontro, articulado pelos núcleos de Comércio Exterior e Economia, revelou preocupação generalizada com os efeitos sobre a balança comercial e, sobretudo, sobre cadeias produtivas binacionais já consolidadas.

A principal conclusão da reunião foi a necessidade urgente de construir uma agenda positiva com os Estados Unidos, como alternativa à retaliação comercial. O grupo propôs que a negociação seja liderada pelo vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, acompanhado por uma comitiva enxuta e altamente qualificada do setor privado.

O ex-diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, foi citado como um possível interlocutor de peso, com ampla experiência multilateral e respeitado nos EUA. Já José Veloso, presidente da ABIMAQ, defendeu que o empresariado lidere os contatos americanos: “O setor privado que precisa abrir portas e pavimentar o caminho para que o governo chegue com legitimidade.”

Caminhos práticos e negociações bilaterais

A estratégia sugerida passa pela articulação junto ao Brazilian Caucus – grupo pró-Brasil no Congresso americano – que pode convidar Alckmin a discursar em Washington. Outro ponto central foi a identificação de setores sensíveis nos EUA (como aeronáutico e data centers) e a disposição do Brasil em abrir concessões recíprocas.

O consenso na reunião foi de que o agravamento da retórica política entre os governos pode atrapalhar os esforços técnicos e comerciais. Uma retaliação brasileira, além de ineficaz, ampliaria os danos.

Diplomacia empresarial como ferramenta estratégica

A proposta final do grupo foi firmada em documento pelo head do LIDE Comércio Exterior, Roberto Giannetti, e será entregue ao vice-presidente Alckmin. A recomendação é clara: evitar retaliações, buscar acordos setoriais e avançar em temas históricos, como o acordo de não bitributação e a redução mútua de tarifas para aumentar a competitividade brasileira.

“O Brasil não pode abrir mão de negociar. Unilateralismo só enfraquece a nossa posição. Um acordo comercial bem articulado pode ser o ponto de virada nessa crise”, concluiu Giannetti.